terça-feira, outubro 21

Império dos sonhos

Assisti ao Império dos Sonhos (Inland Empire) do Lynch: basicamente uma releitura do Cidade dos Sonhos (Mulholland Dr.), mas muito menos inteligível. Novamente ele fala do filme dentro do filme, dos sonhos que povoam nossas vidas e de como vivemos imersos no universo caótico de nossos pensamentos. Diversas são as vozes que, por vezes, acabam nos enlouquecendo. Como no filme, o diálogo com o psiquiatra silencioso tem serventia. Em vista disso, não escrevo faz um bom tempo, desde que comecei a recorrer ao diálogo interno para entender como sonhos e fantasias marcam presença no mundo real.
Papo de louco, diriam. E de certo modo é...
- Então, Dra., o que me diz do meu sonho?
- Como?
- Do sonho, que eu acabei de contar...
- Mas foi um sonho? Você não assistiu mesmo ao filme?
- Sim, assisti.
- Então por que está me perguntando de sonho? Não entendi...
- Como assim, não entendeu? Acabei de te contar meu sonho.
- Mas você não disse que era real?
- E sonhos não são reais? Você mesmo diz que Freud...
- Peraí, como assim Freud? Você está confundindo tudo, eu não disse nada... nem ele!
- Olha, Dra., eu te pago uma fortuna por sessão pra ouvir que não tem nada a ver Freud com meu sonho, com o Lynch, nem com a ponte estaiada?
- Mas eu não falei nada!
- Exatamente, como assim você não fala nada? Tá muda? O que você tanto fica rabiscando enquanto eu to falando?
- Nada não.
- Mas, voltando ao Lynch, acho doida a cena do diálogo com o psiquiatra silencioso.
- E como você se sente em relação a essa cena?
- Adivinha...