sexta-feira, setembro 4

Wanderlust


Apesar de ser cético em relação a assuntos de destino, recentemente tenho sido surpreendido por acontecimentos que parecem ir ao encontro das minhas expectativas. Um exemplo: esta semana, no trabalho, traduzindo um manual técnico me deparei com uma palavra - da qual nem me recordo agora - desconhecida; pesquisando-a no dicionário, por alguma razão me apareceu outra palavra, a que dá título a este texto - Wanderlust, um termo alemão que pode ser entendido como, em linhas gerais, o desejo de viajar, a simples necessidade de ir a qualquer lugar, em busca do desconhecido. Mas não apenas isso, a sensação vai além, é também física, as pernas têm necessidade de caminhar, em direção a algo novo, que é, no final, o objeto do desejo.
Talvez isso tenha se intensificado pelo fato de minhas férias estarem pertinho; menos de 27 dias...
Na linha do wanderlust, alguns filmes despertam o desejo mais puro de ir (e isso nada tem a ver com o comercial do cartão Visa): Vicky Cristina Barcelona; Encontros e desencontros; Amélie...
Sem dúvida alguma, para mim, um filme que provoca a vontade de vivenciar um lugar é Paris, je t'aime. Há uma cena, em que Carol, uma funcionária dos correios americanos, passeando na cidade sozinha, senta-se em um banco num parque e diz:

"Sentada lá, sozinha, num país estrangeiro, longe do meu trabalho e de tudo que eu conhecia, uma sensação tomou conta de mim. Era como se lembrar de algo que eu nunca soubera ou algo por que sempre esperei, mas não sabia o que. Talvez fosse algo que eu esquecera ou que deixara escapar por toda a minha vida. Só o que posso dizer é que me senti, ao mesmo tempo, triste e feliz. Mas não muito triste, porque me sentia viva. Sim, viva. Foi naquele momento em que eu me apaixonei por Paris, e percebi que Paris tinha se apaixonado por mim."


Acredito que todos podemos vivenciar lugares e pessoas, e isso faz bem, muito mais do que ser apenas passadores de tempo, transeuntes das ruas e das vidas das pessoas. Wanderlust nos impulsiona a ir, mas os laços nos trazem de volta. Os portugueses viajaram o mundo nas Grandes Navegações, e até mesmo cunharam a saudade para lembrá-los de que suas casas os esperavam.

O que te impulsiona e o que te chama de volta?