domingo, fevereiro 20

Prédios expulsam clubes masculinos e mudam Augusta

São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2011


Prédios expulsam clubes masculinos e mudam Augusta

Conhecida pelas garotas de programa, rua do centro de São Paulo já perdeu 11 "american bars" desde 2007

Novos frequentadores -agora mais jovens e ecléticos- também estão contribuindo com a mudança de perfil

Zanone Fraissat/Folhapress

Boate Maison, no centro de SP, será demolida para a construção de edifício residencial

JAMES CIMINO
DE SÃO PAULO

"Em minhas previsões mais otimistas, a Augusta do entretenimento noturno masculino deve sumir em quatro anos", afirmou na última terça-feira Carlos Garcia, 46, há dez anos porteiro-poliglota da boate Maison, no centro de SP.
O local hoje ostenta o seguinte anúncio em sua fachada: "Vende-se tudo por motivo de demolição".
A casa será a 12ª do gênero "drinks & bar" ou "american bar" - eufemismos para os clubes noturnos onde homens vão procurar garotas de programa- a desaparecer da Augusta desde 2007.
Naquela época, quando a polícia fez uma blitz no local à procura de prostituição infantil, existiam 21. Quando a Maison fechar, serão 9.
Defronte a Maison, relembra o taxista Marcos Marques, 48, frequentador da boemia da Augusta desde 1998, havia mais seis casas.
Alguns dos imóveis estão com placa de vende-se. Outros já foram vendidos, mas ainda não há informação sobre o destino deles.
No lugar da Maison, e de outros três imóveis contíguos, será construído um edifício residencial, segundo um corretor da rua Paim.
Os motivos da decadência dessas boates são dois: a crescente especulação imobiliária na região conhecida como Baixo Augusta -hoje há pelo menos 11 edifícios em projeto e execução na área. O metro quadrado ali sai, em média, por R$ 6.000.
O outro motivo é a mudança no perfil dos frequentadores. Hoje, a juventude tomou conta da rua. O público é eclético: gays, héteros, roqueiros, indies, pobres, ricos e famosos circulam por lá.
Os homens mais velhos, dizem os boêmios da Augusta, migraram para locais onde não correm o risco de encontrar filhos ou conhecidos.
O químico argentino Rufus Dangelus, 54, que vem a São Paulo para trabalhar, frequenta a Augusta há cinco anos, mas acha que logo não terá aonde se divertir na rua.
"Gosto de ir aonde vão os brasileiros. As casas da zona sul são para arrancar dinheiros de estrangeiro."

GAROTAS DE PROGRAMA
Garotas de programa contam que algumas colegas de trabalho que ficaram sem boate estão indo para o interior ou para casas em regiões mais afastadas, como Tucuruvi (zona norte), Campo Limpo e avenida Robert Kennedy (ambos na zona sul).
A maioria delas, no entanto, migra para as que permanecem abertas, como Coco Bongo, Las Jegas e Casarão. Elas dizem não acreditar que a prostituição vá sumir dali.
"Se fecharem todas as casas, as meninas vão ficar na rua. A "marca" já está consolidada: garota de programa "tá" na Augusta", diz Alana, 20, que há cinco meses circula por casas remanescentes.
O publicitário carioca Jan Noronha, 25, morador novato da cidade, e o estudante de direito da USP Felipe Picchi, 24, discordam.
Para eles, só quem mora fora de São Paulo ainda acha que a rua Augusta é sinônimo de prostituição.
"O paulistano já tem consciência de que aqui é um lugar de gente alternativa", diz Noronha. Picchi completa: "Essa ideia de vir pra Augusta pegar puta já acabou".

Um comentário:

Unknown disse...

noooossa pior que é assim mesmo. a augusta ja não é a mesma, e faz tempo!!!!

nolink um pouco do que ainda resta d avelha augusta:

http://www.youtube.com/watch?v=n60Xe9URkog