quarta-feira, abril 15

Por um amor incondicional

Vi ao filme Les Chansons d'Amour (Canções de Amor) algumas vezes, adorável. Cada vez descubro algo lá no fundo que é tocado e aflora, numa explosão de lágrimas incessantes, até o esgotamento.
É curioso como determinadas músicas, situações, livros, sons, cheiros, memórias, comidas... têm a capacidade de despertar sentimentos em nós, que muitas vezes não damos conta que existem.
O filme traz muito disso, mas eu quero comentar uma frase específica, que bate lá no fundo e me faz pensar: no balcão do apartamento, o protagonista diz 'aime-moi moins, mais aime-moi longtemps' (algo como: 'me ame menos, mas por muito tempo').
Essa frase têm implicações muito fortes para mim. Uma delas diz respeito à necessidade de amor incondicional, acima de tudo. Outra o fato de ela mostrar o lado mais pungente dos relacionamentos.

Se, por um lado, o que se busca é o amor incondicional, exige-se que ele nos seja dado em troca de muito pouco. Doar-se ao outro requer muito, e o medo de deixar-se vulnerável é enorme.
Será que é suficiente amar e ser amado pouco, mas por muito tempo? Ou vale mais amar, amar ao extremo, amar muito e com todas as forças, e talvez não ser correspondido na intensidade, nem na duração?
Tanto um quanto o outro são problemáticos, trazem sofrimento. Mas o maior sofrimento é deixar o amor definhar. Há quem diga que amor um dia acaba, atestado inclusive por cientistas, afirmam. Mas o amor acaba mesmo quando somos incapazes de renová-lo no dia-a-dia, por causa de nossas fraquezas, e não de morte natural, porque tem de acabar e ponto.

Exupéry (autor do Pequeno Príncipe) escreveu que amor fosse talvez o processo de levar o outro a se encontrar consigo, e que esse amor devia consistir em não um olhar o outro, mas ambos olharem na mesma direção. Eis algo para se pensar e sentir. Como diz uma das canções do filme os amores passageiros fazem esforços inúteis, suas carícias efêmeras, cansam-nos o corpo...
É preciso serenidade para aceitar, ou ao menos entender, que amor, o de verdade, pode demorar a acontecer, e que acontece poucas vezes em nossa existência - talvez o que nos reste seja o conforto de ter amado, e terminado, como a frase-mote do filme, ou o Soneto do Vinícius, que seja infinito enquanto dure...

3 comentários:

Unknown disse...

Nada tão belo como falar de amor...

A idéia de amor eterno é linda, mas infelizmente um tanto inconsistente, o amor selvagem... paixão... esse existe e dura um tempo razoável pra ser vivido e depois sofrido (se você der o azar do amor do outro acabar antes).

Ainda assim prefiro a idéia do amor que se renova, do companheirismo que se vive e se troca...

Danilo disse...

Amor em doses homeopáticas ou cavalares?

Como você muito bem colocou...as duas formas nos trazem algum tipo de sofrimento quando o amor termina.

Penso que o sofrimento se dá pelo fato de não aceitarmos que tudo um dia acaba.

Ninguém entra em jogo p/ perder, nem em relacionamento pensando no fim...

Anônimo disse...

L'amour, c'est quoi?
Hoje mesmo fiz um conto sobre (falta de) amor.
J'attends mon tour.
"Esperar é acreditar.
A vida me ensinou a esperar"
(Zé Geraldo)